agarravam-no mãos descarnadas e os ossos dos dedos chocavam se apontando-lhe a sahida!...
Já na rua, sem saber como o tinham posto fóra, o ar refrescou-lhe a fronte esbraseada.
Agora tremia de frio.
Uma vozita de creança choramingava proximo:
— Cinco reisinhos, pelo amor de Deus! Tenho fome!...
Era um pequeno mendigo. Tinha fome! E o seu filho, têl-a-hia no dia seguinte... Mas então êle, o pae, o homem cheio de vida e mocidade, para que servia? Ouviu uma voz que lhe bradava:
— Trabalha, miseravel! mostra que não serves só para roubares o pão de teu filho, lançando-o, n'um momento de desvario, sobre a ignobil banca da roleta!... Trabalha! Sim, sim, trabalharia. Só poderia lavar essa mancha, que o deshonrava, morrendo a trabalhar! Morreria no seu posto, ou venceria.
E agora que lhe voltára a energia de outr'ora, agora que tão rudemente castigado fóra, pela sua repugnante fraqueza, como lhe seria facil trabalhar, se possuisse ao menos o necessario para uns dois dias, emquanto procurava o trabalho! Como se consideraria feliz com o dinheiro que lhe tinham dado