– Psiu! fala baixo...
– Receias que ela esteja atrás da porta?
– Quem sabe?...
– Não duvides! Uma governanta de casa de um viúvo só, vinda por anúncio de jornal... deve ter ao menos um defeitozinho, e olha que o da curiosidade é quase virtuoso... Antes do que me disse a Pedrosa, eu supus que vocês estivessem a mangar comigo, e que a tua mulherzinha fosse por aí uma matrona gorda, de cabelos pintados e verruga no queixo. Mas a Pedrosa, mais afortunada do que eu, esbarrou de cara com ela, e pela raiva com que lhe ficou, deduzi que a rapariga deve ser bonita...
– A Pedrosa disse-te isso?
– Disse que era feia.
– Então!
– Por isso mesmo fiquei sabendo que o não é. As mulheres, nesse assunto, são sempre contraditórias. Para experimentá-la, exclamei com ar de desgosto:
– Oh! minha senhora, uma velha! E ela logo, indignada: “Velha?! moça! E toda presunçosa, com a sua gravatinha azul!”
– Pensou, talvez, que a gravata fosse minha!
– E daí?!... Ó diabo, corre aquele reposteiro!