– Conheço o Argemiro. Basta-me. Ele já nos expôs mais de uma vez em que condições tinha essa moça em casa. Se ele lhe entrega a filha é porque a julga digna de a receber – e não podes negar a influência moral que ela tem exercido sobre tua neta! Glória repete palavras e pratica ações que refletem um grande senso moral. É ou não é verdade isso?

– Quem nos diz que não seja essa uma obra de hipocrisia?

– Ora, adeus!

– Vocês estão cegos!

– Só tu vês!

– Só eu.

– Pois antes fosses cega, que a tua clarividência só te faz mal. De que te serve perceber ao longe tanta coisa que ninguém mais vê?

– Serve-me para defender quem não tem mais ninguém por si!

– Se tua filha do céu te escutasse, choraria!

– Fazes bem em dizer tua filha. Ela é só minha, agora!

– Bom... acalma-te...

– Estou calma.

– Nesse caso, dir-te-ei ainda que o Argemiro é senhor do seu nariz e que nós não temos autoridade, absolutamente, para metermos o bedelho na sua vida. Fará o que muito bem quiser. De mais, que jurou ele a Maria? Não se tornar a casar. Casou? Não. Logo...