– Quando isso acontecer, para longe o agouro, sua filha estará casada!

– Estará ou não. E se for mal casada? Se o marido esbanjar toda a sua fortuna e a atirar depois às urtigas?

Os olhos da baronesa encheram-se de lágrimas; o velho pigarreou, advertindo o genro que avançara demais no caminho das hipóteses; mas a baronesa reagiu, sorrindo:

– Glória casará bem, com um homem que a ame e a respeite. Não faltava mais nada! minha neta mal casada! pobre... desprezada... precisando trabalhar para viver... que coisa horrível!

– O que é horrível, mamãe, não é trabalhar; é não saber trabalhar!

– Ora... a necessidade é o melhor mestre; se algum dia... oh! não! nem pensar nisso!... A minha Glória nasceu para ser amada. Eu leio naqueles olhos esse destino... É um pouco brusca... é um tanto autoritária... ora adeus! os homens gostam disso.

Riram-se e o riso abafou um suspiro em que o Argemiro murmurou:

– Eu queria-a mais meiga.

– Vovó, o jantar está na mesa! – gritou Gloriazinha do corredor, falando com a boca cheia.

– Já ela me foi às nozes... não tenho remédio senão concordar com ela; é um diabinho e é assim que eu a amo!