iria mais longe, a pé, sem repouso, até onde as aguas do Nilo são brancas!

De tarde, na caleche de chita com o nosso doutissimo Topsius, davamos lentos, amorosos passeios á beira do canal Mamoudieh. Sob as frondosas arvores, rente aos muros de jardins de serralho, eu sentia o aroma perturbador de magnolias, e outros calidos perfumes que não conhecia. Por vezes uma leve flôr rôxa ou branca cahia-me sobre o regaço: com um suspiro eu roçava a barba pelo rosto macio da minha Maricoquinhas; ella, sensivel, estremecia. Na agua jaziam as barcas pesadas que sobem o Nilo, sagrado e bemfazejo, ancorando junto ás ruinas dos templos, costeando as ilhas verdes onde dormem os crocodilos. Pouco a pouco a tarde cahia. Vagarosamente rolavamos na sombra olorosa. Topsius murmurava versos de Goethe. E as palmeiras da margem fronteira recortavam-se no poente amarello — como feitas em relevo de bronze sobre uma lamina d’ouro.

Maricocas jantava sempre comnosco no Hotel das Pyramides; e diante d’ella Topsius desabrochava todo em flôres d’erudição amavel. Contava-nos as tardes de festa da velha Alexandria dos Ptolomeus, no canal que levava a Canopia: ambas as