Maricoquinhas n’esse instante estava enchendo o vaso do balcão com magnolias e rosas; o seu gato dormia no velludo da cadeira; ella suspirava pelo «seu portuguezinho valente...» Suspirei tambem: mais triste nos labios se me fez o fado triste.
E de repente, olhando, achei-me, como perdido, n’um sitio de grande solidão e de grande melancolia. Era longe do regato e dos aromaticos arbustos de flôr amarella; já não via as nossas tendas brancas; e diante de mim arredondava-se um ermo árido, livido, de areia, fechado todo por penedos lisos, direitos como os muros d’um poço — tão lugubres que a luz loura da quente manhã do Oriente desmaiava alli, mortalmente, desbotada e magoada. Eu lembrava-me de gravuras, assim desoladas, onde um eremita de longas barbas medita um in-folio junto de uma caveira. Mas nenhum solitario aniquilava alli a carne em heroica penitencia. Sómente, ao meio do fero recinto, isolada, orgulhosa, com um ar de raridade e de reliquia, como se as penedias se tivessem amontoado para lhe arranjarem um resguardo de Sacrario — erguia-se uma arvore tão repellente, que logo me fez morrer nos labios o resto do fado triste...
Era um tronco grosso, curto, atochado e