Quando chegámos a Nazareth, que apparece na desolação da Palestina como um ramalhete pousado na pedra d’uma sepultura — nem me interessaram as lindas judias por quem se banhou de ternura o coração de Santo Antonino. Com a sua cantara vermelha ao hombro, ellas subiam por entre os sycomoros á fonte onde Maria, mãi de Jesus, ia todas as tardes, cantando como estas e como estas vestida de branco... O jocundo Potte, torcendo os bigodes, murmurava-lhes madrigaes; ellas sorriam, baixando as pestanas pesadas e meigas. Era diante d’esta suave modestia que Santo Antonino, apoiado ao seu bordão, sacudindo a sua longa barba, suspirava: «Oh virtudes claras, herdadas de Maria cheia de graça!» Eu, por mim, rosnava seccamente: «lambisgoias»!

Através de viellas onde a vinha e a figueira abrigam casas humildes, como convém á dôce aldeia d’aquelle que ensinou a humildade, trepámos ao cimo de Nazareth, batido sempre do largo vento que sopra das Idumeias. Ahi Topsius tirou o barrete saudando essas planicies, esses longes, que decerto Jesus vinha contemplar, concebendo diante da sua luz e da sua graça as incomparaveis bellezas do reino de Deus... O dedo do douto Historiador ia-me apontando