— El-Kurds! El-Kurds! gritou o velho beduino, com a lança no ar, annunciando pela sua alcunha musulmana a cidade do Senhor.
Galopei, a tremer... E logo a vi, lá em baixo, junto á ravina do Cedron, sombria, atulhada de conventos e agachada nas suas muralhas caducas — como uma pobre, coberta de piolhos, que para morrer se embrulha a um canto nos farrapos do seu mantéo.
Bem depressa, transpassada a Porta de Damasco, as patas dos nossos cavallos atroaram o lagedo da rua Christã: rente ao muro um frade gordo, com o breviario e o guardasol de paninho entalados sob o braço, ia sorvendo uma pitada estrondosa. Apeámos no Hotel do Mediterraneo: no esguio pateo, sob um annuncio das «Pilulas Holloway» um inglez, com um quadrado de vidro collado ao olho claro, os sapatões atirados para cima do divan de chita, lia o Times; por traz d’uma varanda aberta, onde seccavam ceroulas brancas com nodoas de café, uma goela roufenha vozeava: C’est le beau Nicolas, holà!... Ah! era esta, era esta, a Jerusalém Catholica!... Depois ao penetrar no nosso quarto, claro e alegrado pelo tabique de ramagens azues, ainda um instante me rebrilhou na memoria certa sala, com candelabros d’ouro e uma estatua d’Augusto, onde