Fôra por tristeza que deixára a «Alexandriasinha». O Hotel das Pyramides, as maletas carregadas, tinham já saturado a sua alma d’um tedio insondavel: e o nosso embarque no Caimão para Jerusalem dera-lhe a saudade dos mares, das cidades cheias d’historia, das multidões desconhecidas... Um judeu de Keshan, que ia fundar uma estalagem em Bagdad com bilhar, alliciára-o para «marcador». E elle, mettendo n’um sacco as piastras juntas nas amarguras do Egypto, ia tentar essa aventura do Progresso junto ás aguas lentas do Euphrates, na terra de Babylonia. Mas, cansado de acarretar fardos alheios, buscava primeiro Jerusalem, insensivelmente, levado talvez pelo Espirito como o Apostolo, para descansar com as mãos quietas a uma esquina da Via Dolorosa...
— E o cavalheiro recebeu alguns jornaes da nossa Lisboa? Gostava de saber como vai por lá a rapaziada...
Emquanto elle assim balbuciava, triste e com o turbante á banda, eu revia risonhamente a terra quente do Egypto, a rua clara das Duas Irmãs, a capellinha entre platanos, as papoilas do chapéo da Mary... E mais agudo me picava outra vez o desejo da minha loira luveira. Que dôce grito de paixão