passou, sempre que os meus labios insaciaveis se collavam de mais ao seu collo, a empurrar-me, a chamar-me carraça... Foi isto pelas alegres vesperas de Santo Antonio, ao apparecerem os primeiros manjaricões, no quinto mez da minha devoção perfeita.
A Adelia começára a andar pensativa e distrahida. Tinha ás vezes, quando eu lhe fallava, um modo de dizer «hein?», com o olhar incerto e disperso, que era um tormento para o meu coração. Depois um dia deixou de me fazer a caricia melhor, que eu mais appetecia — a penetrante e a regaladora beijoca na orelha.
Sim, decerto permanecia terna... Ainda dobrava maternalmente o meu paletot; ainda me chamava riquinho; ainda me acompanhava ao patamar em camisa, dando, ao descollar do nosso abraço, esse lento suspiro que era para mim a mais preciosa evidencia da sua paixão; — mas já me não favorecia com a beijoquinha na orelha.
Quando eu entrava abrazado — encontrava-a por vestir, por pentear, molle, estremunhada e com olheiras. Estendia-me a mãosinha desamoravel, bocejava, colhia preguiçosamente a viola: e emquanto eu, a um canto, chupando cigarros mudos, esperava que se abrisse a portinha envidraçada da alcova