Eram essas expressões nervosas e apaixonadas que soavam mais repetidamente aos ouvidos da moça.

Por que se teria casado a mãe! Por que teria mentido àquele santo, que se não fosse a filha estaria completamente esquecido na terra? Envergonhava-se como se, por ter sido concebida sob a influência desse amor, tivesse comparticipação no crime da mentira. Votava tal adoração à memória do seu querido morto, que, mais pequena ainda que tivesse sido a falta, lhe pareceria uma monstruosidade! Amar um homem e casar com outro era, aos seus olhos castos, uma ignomínia! Que mistério haveria em tudo aquilo? Por que não se teriam eles declarado e unido se eram ambos livres?! Começava a duvidar da honestidade da mãe; queria-a toda voltada para aquele que a amara, leal, exclusivamente!

A confissão de Ernestina fora até a brutalidade. Para que desvendar-lhe as queixas e antipatias de Luciano? Não precisava disso para compreender agora tudo: a retirada do luto antes do tempo... a história do retrato... o seu afastamento para Friburgo... os gestos e conversas com que procuravam livrar-se dela... Lamentava ter vazado a sua alma no coração de Luciano naquela terrível noite do baile. O seu amor transformara-se subitamente em ódio: Execrava Luciano, não compreendia mesmo como o tivesse