- Está com ar esquisito... tem alguma coisa?
- Não... Sara!...
- Estou aqui, mamãe.
Foi um alívio para a viúva. Sara desatou a conversar com D. Candinha e Ernestina deixou-se silenciosa, à vontade.
D. Candinha era uma boa companheira de passeio, desembaraçada, risonha e conhecendo meio mundo, o que encantava Sara, ávida por divertimentos e sociabilidade. A mulher do Nunes era alta, gorda, morena, beiço ensombrado por um buço, ameaçador de se tornar em bigode lá para a velhice, bonita de feições, com dentes magníficos e olhos rasgados, úmidos e espertos. Gostava muito de reunir em casa os amigos em soirées que se prolongavam até as primeiras horas do dia. Vestia com luxo, embora sem gosto, sedas com ramos, tecidos vistosos que lhe iam mal. Usava muitas jóias e falava alto, abrindo os braços para cada amiga, e a bolsa para cada pobre.
- Viram passar por aqui o meu velho? perguntou às Simões.
- Não...
D. Candinha adorava o marido, negociante português, homem generoso, que lhe fazia todas as vontades e ainda pagava colégio de luxo às cunhadas e casa a duas tias velhas, irmãs do sogro.
Estiveram conversando algum tempo, até que