Luciano saiu, cruzando-se com Sara já perto do terraço. A moça sorriu-se interrompendo o canto, deu-lhe as boas-noites; ele resmungou umas palavras incompreensíveis e mal tocou o chapéu.
- Então não me diz adeus?! perguntou Sara atônita, voltando-se para trás, para o vulto de Luciano, que fugia na sombra.
Ele não respondeu.
- Bruto! murmurou a moça ofendida. Por que não falaria comigo?! Ora por qualquer coisa! Que me importa!
Ernestina tinha ficado só. A filha calara-se; a casa parecia adormecida. Batia-lhe o coração e o sangue abrasava-lhe as faces. Precisava de ar; abriu a janela e encostou-se; respirou com força, sentindo-se feliz por ter vencido. Ser amante de Luciano? Nunca. Esposa, sim. À proporção que os seus sentidos se acalmavam, ela pensava na implacável exigência de Luciano, de a separar da filha...
Encostada ao umbral, deixou que a sua alma fraca de mulher interrogasse as coisas mudas! Que lhe destinaria o futuro? Nada lhe respondia. Foi em vão que meditou, cravando o olhar interrogativo na grande esfinge que desenhava além, na noite enluarada, o seu enorme corpo vigilante e altivo!
Voltou para dentro muito nervosa e agitada. Ao atravessar a sala, teve medo.