Adormeceu e acordou várias vezes, mas o seu sono era leve, como que assustado.
Ao amanhecer, levantou-se antes que Sara a surpreendesse e saiu. Tornou para o seu quarto, estendeu-se num divã, muito cansada, com o corpo cheio de dores, a cabeça fraca, e pôs-se a cismar em futilidades: concertos de jóias, vestidos a fazer, e visitas...
Nesse dia aliviou o luto.
Sara mostrou-se admirada e ofendida.
- Ainda não há um ano e mamã já usa branco?!
- O luto é uma tolice... creio que já dei uma satisfação à sociedade...
- De rigor é um ano.
- Não é na roupa que está o sentimento, é no coração.
- Eu sei... mas... gostava que mamã fizesse como as outras...
- As outras! Quem te ouvir falar assim há de pensar que não lamentei a morte de teu pai?
- Não, minha mamãzinha. Deus me livre! Eu bem sei que mamã tem muitas saudades... pudera! se não fosse assim, a senhora seria ingrata!
Ernestina corou, mas Sara, muito ingênua, não deu por tal.
Principiou então uma vida toda diferente.
Era a lufa-lufa dos vestidos novos, sedas caras, luxo sem método. Assinatura no Lírico,