A CIDADE E AS SERRAS

A mãe ria. Desde essa manhã, logo que soubera da chegada do Ti-Zé, apareceu de bandeira, feita pelo Grilo, e não a largara mais; com ela almoçara, com ela descera de Tormes!

— Bravo! E, prima Joaninha, olhe que está magnífica! Eu, também, venho daquelas peles meladas de Paris... Mas acho-a triunfal! E o tio Adrião, e a tia Vicência?

— Tudo óptimo! — gritou Jacinto. — A serra, Deus louvado, prospera. E agora, para cima! Tu hoje ficas em Tormes. Para contar da Civilização.

No largo por trás da estação, debaixo dos eucaliptos, que revi com gosto, esperavam os três cavalos, e dois belos burros brancos, um com cadeirinha para a Teresa, outro com um cesto de verga, para meter dentro o heróico Jacintinho, um e outro servidos à estribeira, por um criado. Eu ajudara a prima Joaninha a montar, quando o carregador apareceu com um maço de jornais e papéis, que eu esquecera na carruagem. Era uma papelada, de que me sortira na Estação de Orleães toda recheada de mulheres nuas, de historietas sujas, de parisianismo, de erotismo. Jacinto, que as reconhecera, gritou rindo:

— Deita isso fora!

E eu atirei, para um montão de lixo, ao canto do pátio, aquele pútrido rebotalho da Civilização. E montei. Mas ao dobrar para o caminho empinado da Serra, ainda me voltei, para gritar adeus ao Pimenta, de quem me esquecera. O digno chefe, debruçado sobre o monturo, apanhava, sacudia, recolhia com amor aquelas belas estampas, que chegavam de Paris, contavam as delícias

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