Página:A correspondencia de Fradique Mendes (1902).djvu/62

para sondar o Xeque Ali-Hussein, homem de decisiva influência em todo o vale do Nilo pelo seu saber e pela sua virtude: e ele, Fradique, não tendo agora no Ocidente ocupações atrativas, cheio de curiosidade por este pitoresco Advento, partia também para Tebas, devendo encontrar-se com o babista, à Lua minguante, em Beni-Soueff, no Nilo...

Não recordo, depois de tantos anos, se estes eram os fatos certos. Só sei que as revelações de Fradique, lançadas assim através do Cairo em festa, me impressionaram indizivelmente. À medida que ele falava do Bab, dessa missão apostólica ao velho Xeque de Tebas, de uma outra fé surgindo no mundo muçulmano com o seu cortejo de martírios e de êxtases, da possível fundação de um império Babista—o homem tomava aos meus olhos proporções grandiosas. Não conhecera jamais ninguém envolvido em coisas tão altas: e sentia-me ao mesmo tempo orgulhoso e aterrado de receber este segredo sublime. Outra não seria minha comoção, se, nas vésperas de S. Paulo embarcar para a Grécia, a levar a Palavra aos gentílicos, eu tivesse com ele passeado pelas ruas estreitas de Seleucia, ouvindo-lhe as esperanças e os sonhos. Assim conversando, penetramos no adro da mesquita de El-Azhar, onde mais fulgurante e estridente tumultuava a festa do Beiram. Mas já não me prendiam as surpresas daquele arraial muçulmano—nem almées dançando entre brilhos de vermelho e de