deve purgar, se quer merecer o nome de boa filha...

Nina franziu as sobrancelhas e, desviando a vista do rosto branco da tia, olhou para o jardim, ainda empapado dágua, muito verde, juncado de folhas arremessadas pela ventania..

D. Joana saboreava o café, sem reparar na moça, que continuava em pé, com o rosto contraído por uma expressão de raiva e de melancolia.

Ruth encontrou-as assim. Ela vinha toda fresca do banho, com o seu cabelo negro e ondeado solto sobre os ombros estreitos, e o vestido branco, de cinto largo, que lhe tornava a cintura grossa e lhe dava ao corpo um ar de anjo de catedral.

— Como está crescida! exclamou d. Joana ao vê-la.

Ruth mostrou os dentes alvos num sorriso alegre.

— Bons dias! Sabe, tia Joana? Ainda ontem pensei na senhora!

— Por que?...

— Porque ando com muita vontade de ir ao observatório do Castelo ver a lua e as estrelas.

— Que lembrança! pensei que fosse para a levar a alguma festa de igreja...