— Porco?! bradaram os outros, indignados.

— Porco, confirmou o Ramos com solenidade.

— Tudo mais aceito, o porco é que não engulo, observou do seu canto o Lemos, o anafado.

Ramos sentiu saltar-lhe na língua esta resposta: "porque os animais da mesma espécie não se devoram entre si". Ele confessava-se seduzido pelas exposições de Inocêncio. Que talento!

— Mas, afinal de contas, que quer o Inocêncio?! perguntou Teodoro de pé, cruzando os braços sobre o fustão alvo do colete.

— Queria... pensava encontrar aqui uma praça mais desenvolvida, maiores transações, casas de mais vulto. Diz que não temos sabido aproveitar as aragens. Que só trabalhamos com o corpo. Não o ouviu?

— Com que diabo quereria ele que trabalhássemos?

— Com a inteligência. Está claro. E ele explicou a coisa bem. O nosso comércio é formado por gente sem escola, vinda de arraiais... Eu por mim, confesso, mal tive uns meses magros de colégio! Apanhei muito e não aprendi nada.