Francisco Teodoro, mais enfurecido nesse dia que nos outros, teve ímpetos de bater-lhe, tal foi a raiva de o ver sorrir; todavia, conteve-se, certo de que nada lucraria, e desceu a escada do outro com o protesto de ser a última vez.

Quando entrou no seu escritório, o guarda-livros estendeu-lhe um telegrama: A casa Mendes e Wilson, de Santos, declarava falência, arrastando na queda grandes capitais de Teodoro.

O negociante leu a comunicação em silêncio e em silêncio se conservou por algum tempo, branco como a cal, suando em grossas camarinhas, de olhar parado e o papel aberto nas mãos trêmulas.

Os empregados do escritório assistiam mudos e contrafeitos àquela cena. O Mota já lá estava, muito amarelo, de olhos encovados, mal escovado, com a gravata torta num colarinho amarrotado, com o triste ar de pobreza relaxada; também ele percebeu que pairava ali uma grande desgraça, e sacudiu piedosamente a cabeça, fixando o rosto transtornado do patrão.

Ouviam-se as moscas no ar zumbir com força.

Quinze dias mais tarde anunciava-se o fim de tudo, - a grande casa Teodoro teve de declarar falência.