um nó na garganta. Como seriam educadas aquelas crianças? As pobres ainda não sabiam nada, nem uma letra... nem uma! Em vez de subir para seu quarto, onde Camila adormecia, ele acendeu uma vela, apagou o gás da saleta e desceu para o seu escritório, no rés do chão.
À uma hora da madrugada, Teodoro escrevia ainda. Do lampião de bronze descia uma luz calma, fixa, propicia à escrita. A mobília de canela e de couro lavrado, nua, bem arrumada, tomava uma feição de espanto naquela claridade muda.
Sobre o contador, o cavalheiro de capa e espada desenhava na parede cor de avelã a sombra da sua atitude arrogante e viva...
Na mesa, ao lado do código de Orlando, o tinteiro de prata tinha reflexos brancos; e só das quatro molduras douradas dos quadros saltavam lampejos luminosos que animavam a sala.
Francisco Teodoro escrevia cartas: acabada uma, começava outra. Dir-se-ia que as palavras eram em todas iguais. A pena corria dando as mesmas voltas e rangendo com força, como se fosse calcada por uns dedos de ferro. Terminada a última, colocou-as em um maço sobre a pasta e encostou-se na larga cadeira, ofegante,