do sol poente uma ligeira e esguia piroga que se alargava pelo mar avante até quase perder-se de vista, demandando afoita o rumo da ilha malsinada, que era o terror dos navegantes. Sobre a popa desenhava-se o busto de uma donzela de maravilhosa beleza, vestida de azul, tendo a fronte cingida de uma grinalda de alvos lírios e os longos cabelos a flutuarem à mercê das vibrações do mar.
Quando a piroga ia ganhando o largo, ouvia-se um harmonioso e suavíssimo canto, que pouco e pouco ia morrendo em distância entre o frêmito das vagas a se quebrarem ao longo dos areais.
Era Regina, era a filha do mar, que lá ia em seu barquinho aventureiro. O que iria ela fazer, essa mimosa e delicada donzela, em uma frágil piroga, o que iria ela fazer naquelas perigosas paragens, para onde nem os mais robustos e destemidos barqueiros ousavam encaminhar-se?
Ninguém o sabia, mas todos a uma voz diziam benzendo-se: “É ela, é a filha da sereia que lá se vai para sua ilha maldita!”. E o povo cada vez se tornava mais firme na crença de que Regina não era uma criatura pertencente à humanidade, mas apenas uma linda e mimosa figura, animada por um espírito diabólico, que não podia ser outra senão a sereia ou fada, que morava na ilha flutuante, ou pelo menos