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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

D. Anna não conteve um riso, sinceramente divertido:

— Ai! tem muita graça!

— Mas não teve resultado, minha senhora... Já não existem Clèves, nem Tancarvilles! Todas essas grandes familias feudaes findaram, se fundiram n’outras casas, até na Casa de França. E o meu padre Sueiro, apezar de todo o seu saber genealogico, nunca conseguiu descobrir quem as representava com bastante affinidade para me emprestar, a mim parente pobre de Portugal, esses trezentos francos.

Aquella penuria de Gonçalo, de tamanho fidalgo, quasi enternecera D. Anna:

— Ora estarem assim sem vintem! Quem soubesse... Mas tem graça! Essas historias de Coimbra teem sempre muita graça. O D. João de Pedrosa, em Lisboa, tambem contava muitas...

D. Maria Mendonça, porém, através d’essa facecia d’estudantes, descortinára outra prova inesperada da grandeza dos Ramires. E immediatamente a estendeu deante de D. Anna com habilidade:

— Ora vejam!... Todas essas grandes casas de França, tão ricas, tão poderosas, acabaram, desappareceram. E cá no nosso Portugalsinho ainda dura a casa de Ramires!

Gonçalo acudiu: