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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

— Era melhor que os levasse já para a copa, Snr. Dr., para os arrumar na prateleira...

— Deixa sobre a cadeira!

Apenas o Bento cerrára a porta, estendeu no chão a toalha, entornou cuidadosamente por cima os pêcegos formosos que perfumavam a livraria. No fundo da cesta encontrou apenas folhas de parra. Levemente desconsolado, cheirou um pêcego. Depois considerou que os pêcegos, arranjados por ella, com parra que ella apanhára na latada, sob toalha que ella escolhera no armario, formavam na sua mudez cheirosa um recadinho sentimental. Ainda agachado na esteira, comeu o pêcego: — e recollocou os outros na cesta para os levar a Gracinha.

Mas, ao outro dia, ás duas horas, já com a parelha do Torto engatada á caleche, já com as luvas calçadas para a jornada d’Oliveira, recebeu uma inesperada visita — a visita do Snr. Visconde de Rio-Manso. Descalçando as luvas o Fidalgo pensava: — «O Rio-Manso! Que me quererá esse casmurro?» — Na sala, pousado á beira do canapé de velludo verde e esfregando os joelhos, o Visconde contou que de volta de Villa Clara e deante do portão da Torre vencera o seu teimoso acanhamento para apresentar os seus respeitos ao Snr. Gonçalo Ramires. E não só para esse gostoso dever — mas tambem (como