A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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Como a flor murchára! Que mesquinha honra! E que contraste o do derradeiro Gonçalo, encolhido no seu buraco de Santa Ireneia, com esses grandes avós Ramires cantados pelo Videirinha — todos elles, se Historia e Lenda não mentiam, de vidas tão triumphaes e sonoras! Não! nem sequer d’elles herdára a qualidade por todos herdada atravez dos tempos — a valentia facil. Seu pae ainda fora o bom Ramires destemido — que na fallada desordem da romaria da Riosa avançava com um guardasol contra tres clavinas engatilhadas. Mas elle... Alli, no segredo do quarto apagado, bem o podia livremente gemer — elle nascera com a falha, a falha de peor desdouro, essa irremediavel fraqueza da carne que, irremediavelmente, deante de um perigo, uma ameaça, uma sombra, o forçava a recuar, a fugir... A fugir d’um Casco. A fugir d’um malandro de suissas louras que, n’uma estrada e depois n’uma venda o insulta sem motivo, para meramente ostentar pimponice e arreganho. Ah vergonhosa carne, tão espantadiça!

E a Alma... N’essa calada treva do quarto bem o podia reconhecer tambem, gemendo. A mesma fraqueza lhe tolhia a Alma! Era essa fraqueza que o abandonava a qualquer influencia, logo por ella levado como folha secca por qualquer sopro. Por que a prima Maria uma tarde adoça os espertos olhos