A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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das faias s’empurravam na aragem para o saudar. Com que gosto se acercou do espelho de columnas douradas, se mirou e se remirou, como a um Gonçalo novo e tão melhorado, que nos hombros reconhecia mais largueza, e até no bigode um arquear mais crespo.

E foi ao arredar do espelho, topando com o Barrôlo, que subitamente despertou n’uma curiosidade immensa:

— Mas, oh Barrôlo, como é que vos encontro esta manhã na Torre?

Resolução da vespera, ao chá. Gonçalo não apparecia, não escrevia... Gracinha a matutar, inquieta. Elle tambem espantado d’aquelle sumiço depois do cesto dos pêcegos. De modo que ao chá, pensando tambem que a parelha necessitava uma trotada, lembrára a Gracinha: — «Vamos nós amanhã á Torre? no phaeton?»

— Além disso precisava fallar comtigo, Gonçalo... Tenho andado aborrecido.

O Fidalgo juntou duas almofadas no divan, onde se enterrou:

— Como aborrecido?... Aborrecido por que?...

Barrôlo, com as mãos nos bolsos da rabona de flanella, que lhe cingia as ancas gordas, considerou as flôres do tapete, melancolicamente: