A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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as lamparinas nas frestas dos muros, onde ellas esmoreciam na espessura. E Gonçalo sósinho, acabando o charuto, recomeçou a rolda, lento, em torno ás ameias, perdido n’um pensamento que já o agitára estranhamente, atravez d’aquelle sobresaltado Domingo... Era pois popular! Por todas essas aldeias, estendidas á sombra longa da Torre, o Fidalgo da Torre era pois popular! E esta certeza não o penetrava d’alegria, nem de orgulho, — antes o enchia agora, n’aquella serenidade da noite, de confusão, d’arrependimento! Ah! se adivinhasse — se elle adivinhasse!... Como caminharia, com a cabeça bem levantada, com os braços bem estendidos, sósinho, em confiança risonha para todas essas sympathias que o esperavam, tão certas, tão dadas. Mas não! Sempre se julgára cercado da indifferença d’aquellas aldeias, onde elle, apesar do antiquissimo nome, era o costumado moço, que volta de Coimbra e vive silenciosamente da sua renda, passeando na sua egoa. A essas indifferenças tão naturaes nunca elle imaginára arrancar o punhado de votos, o punhado de papelinhos que necessitava para entrar na Politica, onde elle conquistaria pela destreza o que os velhos Ramires recebiam por herança — fortuna e poder. Por isso se agarrára tão avidamente á mão do Cavalleiro, á mão do Snr. Governador Civil — para que S. Ex. a, o bom