A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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ás paginas marcadas n’um tomo da Historiad’Herculano, esboçou com segurança a Epocha da sua Novella — que abria entre as discordias de Affonso II e de seus irmãos por causa do testamento d’El-Rei seu pae, D. Sancho I. N’esse começo do Capitulo já os Infantes D. Pedro e D. Fernando, esbulhados, andavam por França e Leão. Já com elles abandonára o Reino o forte primo dos Ramires, Gonçalo Mendes de Souza, chefe magnifico da casa dos Souzas. E agora, encerradas nos castellos de Monte-Mór e de Esgueira, as senhoras Infantas, D. Thereza e D. Sancha, negavam a D. Affonso o senhorio real sobre as villas, fortalezas, herdades e mosteiros, que tão copiosamente lhes doára El-Rei seu pae. Ora, antes de morrer no Alcaçar de Coimbra, o senhor D. Sancho supplicára a Tructesindo Mendes Ramires, seu collaço e Alferes-Mór, por elle armado cavalleiro em Lorvão, que sempre lhe servisse e defendesse a filha amada entre todas, a infanta D. Sancha, senhora de Aveyras. Assim o jurára o leal Rico-Homem junto do leito onde, nos braços do Bispo de Coimbra e do Prior do Hospital sustentando a candeia, agonisava, vestido de burel como um penitente, o vencedor de Silves... Mas eis que rompe a féra contenda entre Affonso II, asperamente cioso da sua auctoridade de Rei — e as Infantas, orgulhosas, impellidas á resistencia pelos freires do Templo e pelos Prelados a quem