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204 In obitum D. Joannis III Lusit. regis conquestio, v. 37 ss.

205 Barbosa Machado II 336 (s. v. Gaspar Barreiros) regista uma Carta Consolatoria, escrita em Roma a 4 de Dez. de 1563 (sic) á Infanta D. Maria ácerca da morte do Infante D. Duarte seu irmão; e uma Egloga pastoril em louvor da Infanta D. Maria. Não discuto neste logar os pontos duvidosos, que são tres: a identidade do Infante D. Duarte, a da Infanta D. Maria, as datas das viagens de Barreiros a Roma.

Tocando pela ultima vez na confusão entre as varias Marias, estabeleço apenas que a Infanta á qual Jorge de Montemór offertou no anno 1548 a Exposicion Moral sobre o Psalmo 86, não é nenhuma princesa portuguesa, mas sim a filha de Carlos V, e que é esta mesma que vemos nomeada no Canto de Orfeo, na primeira das estrophes laudatorias, ainda com precedencia a D. Juana, sua irman:

Los ojos levantad, mirando aquella
Que en la suprema silla está sentada,
El cetro y la corona junto à ella,
Y de otra parte la fortuna airada:
Esta es la luz de España y clara estrella,
Con cuya ausencia está tan eclipsada.
Su nombre; oh ninfas! es doña Maria,
Gran reina de Bohemia, Austria, y Hungria.

La otra junto à ella es doña Juana,
De Portugal princesa y de Castilla,
Infanta á quien quitó fortuna insana
El cetro, la corona y alta silla,
Y á quien la muerte fue tan inhumana
Que aun ella á si se espanta y maravilla
De ver cuan presto ensangrentó sus manos
En quien fue espejo y luz de lusitanos. (Estr. 4 e 5).

A explicação é simples. Jorge de Montemór, embora português de nação, era devedor de fervorosos agradecimentos ás filhas de Carlos v porque o haviam admittido como cantor da sua capella. Na viagem a Portugal acompanhou a Princesa D. Juana como seu aposentador (1553-1554).

206 Epithalamium in laudem nuptiarum Alexandri et Maria principum Purma es Placentia.

207 Esse Templo de Gloria, ou Conto de Orfeo, acha-se no Livro Quarto do Romance Pastoril.

208 Estancia 6. — A allusão à morte de D. Leonor serve para determinarmos a data 1558 como termo a quo da conclusão e publicação da Diana.

209 Estancia 7.- Confira-se a descripção das filhas de D. Duarte na Egloga III de Caminha.

210 Epithalamin ao casamento da Senhora D. Maria. Do mesmo Ferreira ha uma carta e uma Ode ao Senhor D. Duarte.

211 As Poesias Ineditas de Pedro de Andrade Caminha, publicadas pelo Dr. Joseph Priebsch (Halle 1898) e por elle illustradas com Notas elucidativas e uma judiciosa Introducção, dão ideia cabal da bem merecida veneração que a esse Senhor D. Duarte (1540-1576) e a suas irmans dedicavam todos os servidores da sua casa, e dos Braganças.

212 Essa prosa devota foi, por ordem de D. Catharina de Bragança — filha da auctora — entregue em 1633 ao Inquisidor D. Manoel de Valle de Moura, que a achou digna de sahir a lume. A familia preferiu, porém, deixá-la sepultada no esquecimento, na Bibliotheca Brigantina, onde talvez pereceu em 1755.

213 Ignoro, se o tratado subsiste, ou não.

214 Museu é nome dado ao gabinete de estudo das doutas Senhoras por Andrade Caminha num dos seus Epigrammas, por signal muito insulso (N. 469 das Poesias Ineditas). Ahi só falla de sciencias e virtudes, omittindo as artes, que exalta todavia em outras composições.

Neste real Museu a ociosidade
Nunca tem tempo; cabe aqui sómente
Onra e preço, e saber e auctoridade,
Letras, contino estudo e diligente,
Santissimos costumes, gram bondade,
Maravilhas d'ingenho alto e prudente:
Tudo em dous reaes espiritos, dous estremos,
E em graça e fermosura dois estremos. (sic.)

215 Vejam, além do Epithalamio de Ferreira, a Egloga Protheo de Caminha; e as suas Epistolas 13 e 15.

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