215b (P. 47, 1. 5). Recapitulando, indicarei a chronologia das damas quinhentistas, illustres por letras, de que me occupei, ou occuparei:
D. Leonor de Noronha nasceu em 1488.
Joanna Vaz, certamente antes de 1510.
Isabel de Bragança, antes de 1512.
Paula Vicente, no anno 1513.
A Infanta D. Maria, 1521.
A Princesa D. Maria, 1527.
Luisa Sigea, 1530.
Angela Sigea, 1531. (?)
A Senhora D. Maria de Parma, 1538.
A Senhora D. Catharina de Bragança, 1540 (casou em dez. de 1563 e morreu em 1614).
Hortensia de Castro, 1548.
D. Leonor Coutinho, entre 1570 e 1580.
216 Entre muitos nomeio Th. Braga, Gil Vicente, 2.a ed., p. 273, e Ramalho Ortigão, Vida de Camões, 1880 p. 59.
217 Sá de Miranda, Poesias N.° 251, 127.
218 Francisco da Silveira, filho de Fernão da Silveira, e neto do famoso Coudel-mór do Cancioneiro de Resende.
219 Wilhelm Storck: Vida e Obras de Luis de Camões, Primeira Parte; Versão do Original Allemão, Annotada por Carolina Michaëlis de Vasconcellos, Lisboa, Typ. Acad. Real das Sciencias 1898.
Copio o principio do § 139: «Será verdade que a Infanta D. Maria foi protectora e fautora de Camões, quer fosse cerca de 1540, ou mais tarde, depois de 1570? Respondo que não. Não hesito um instante em assentar que o Poeta nunca entrou na Academia litteraria da Princesa. Porque? Simplesmente porque era um homem; e aquelle conventiculo era exclusivamente de damas. O caracter um pouco austero e devoto da Infanta não admitte a hypothese contraria. A virtude era para ella a verdadeira e unica sabedoria, e a suprema virtude resumia-se a seus olhos na santa castidade. As sensações e paixões mundanas eram-lhe estranhas e indifferentes. As bellas e hobres feições do seu rosto revelam grande placidez e uma seriedade um tanto fria.»
220 Na Arte de Galanteria — livro que na opinião de Francisco Manoel de Mello merecia que por elle estudassem todos os galantes — ha, como sabem, uma pragmatica inteira a respeito de poesias dirigidas ás damas da corte. Tão impertinente era essa pragmatica que um discreto chegou a maldizer das Cabeças de Motes por causa das muitas mãos que corriam, e o desasseio com que che gavam ás vezes, «con aquella obligacion de que no se quede ninguna sin la dispensacion de la Camarera mayor, aquella dallos a un Mayordomo, que los dé a la dama a que van encaminados, y ella llevarlos a la Reina que los abra y luego mandar que respondan... Mas ceremonias solian tener, que el tiempo lo fue quitando como impertinencias.»
221 Juromenha, Camões I p. 30.
222 Herculano, Opusculos VI 113.
223. Ib. p. 74 e 76.
224 Pacheco f. 92.
225 Ib. f. 180 (225). No Codicillo do Testamento recommenda aos reinantes, as suas damas, especializando duas, que não teve tempo de casar.
225b (P. 52 1. 3). O bobo mais festejado de D. João III era um preto crioulo, chamado João de Sá, por alcunha Panasco, engraçado a ponto de o monarca lhe outorgar entre frouxos de riso, o habito de Santiago. Outro, Joanne de Braga, velho parvo que sabia alegrar a pessoa mais «malenconizada», a quem seu empresario, o christão-novo Duarte da Paz levava ora a el Rey, ora á Rainha, ora aos Infantes, recebeu o distinctivo Dom. Nomearei ainda João Nunes, tambem do mesmo reinado, e certo Felippe de Brito, como chocarreiros do Infante D. Duarte; o Coyto, como gracioso de D. Sebastião, que provava a sua fidalguia, mentindo, não pagando a ninguem e em ser amigo de doce; Manoel Cosme, da casa Cadaval; Don Francês, bobo de Carlos v; o Morata, de Felipe II.
226 Na admiravel Ode III, em lyras, escripta no desterro de Ceuta, o poeta, lembrado dos felizes tempos, passados no paço, exclama, fallando ás Tagides:
A ser como sola
Pudera levantar vossos louvores;
Vós, minha hierarchia,
Ouvireis meus amores
Qu'exemplo são ao mundo já de dôres.
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