Em seguida bemdiz a sorte de Orpheo, que commoveu a Rainha infernal, e nessa occasião apostropha D. Catharina com vehemencia:
Oh crua, esquiva e fera,
duro peito, cruel e empedernido,
d'alguma tigre fera
lá na Hircania nascido,
ou d'entre as duras rochas produzido.
227 Receo de Louvor N.o 301 das Poesias Ineditas de Caminha. Cf. N.o 338.
228 Sá de Miranda N. 135 e p. 446. Nas obras d'este quinhentista, o nome da dama está errado (Silveira, por Silve), erro que me fez desacertar no meu commentario.
229 Um Livro inteiro do Cancioneiro de Caminha é dedicado a essa dama, honra e gloria do real sangue e nome d'Aragão. A ella devemos uma das mais bellas Odes de Camões. Na sua vista soberana Que nadie quien la vee dexa con vida penso cada vez que me acho em frente dum magnifico retrato anonymo (n. 192 do cat. de 1868 do Museu das Janellas Verdes, reproduzido por Laurent, N. 728). A respeito d'ella consulte-se Priebsch p. XXXIII e Sanchez Moguel, Reparaciones Historicas p. 226. Em uma carta de 1875, D. Juan de Borja delineou o seguinte retrato de sua desposada «D. Francisca de Aragon es hija de Nuno Rodrigues Barreto y de D. Leonor de Milan. Hase criado desde muy pequeña en casa de la Reyna de Portugal. Es la mas valida dama que S. A. ha tenido y mas estimada assi por su entendimiento y valor como por su bien parecer. Es la persona de que mas gusto muestra tener la Reyna. Sirve le la copa y viste y toca S. A. y en todo el tiempo en que la camarera mayor y las damas van a comer y cenar, queda ella sola con la Reyna, assi por ser su officio como por lo mucho que S. A. gusta de su entretenimiento y conversacion por tenerla muy buena y facil. Es tenida por la muger que mejor ha sabido hacer el officio de dama que ha havido en nuestros tiempos en Portugal y cierto entiendo que podria poner escuela desta facultad, segun lo bien que sabe servir a su Reyna y ha sabido ser servida como dama.»
230 Uma Epistola de Mendoza a D. Simão (VI) principia: Doña Guiomar Enriques sea loada e conclue:
Doña Guiomar, debria tu deidad
Hacer algun regalo a don Simon
Pues lo merece bien su voluntad.
Em 1566 uma D. Guiomar Henriques entrou como dama no paço da Infanta, conforme noticia Francisco de Andrade na epigraphe de um Soneto que lhe dedicou nessa occasião. Ignoro, se realmente se trata da Dama da Rainha, celebrada por D. Simão e D. Diego (filha de Simão Freire) ou de outra diversa, cujo pae era o 2.° Conde da Feira. — O Soneto (Fermosura do ceo a nos descida) foi por Faria e Sousa recolhido entre as Rimas de Camões. Vid. Storck, Vida § 156 Nota 4.
231 Storck, Vida § 165.
232 Quasi todas estas anecdotas acham-se aproveitadas na Arte de Galanteria, de onde passaram para a collecção de Apophtegmas de Suppico.
233 J. de Sousa Monteiro, trasmudando-se em espirito ao tempo de D. Manoel, ideou com muita habilidade Um Serão Real, no jornal O Reporter (8 de outubro de 1888). — Mais acima mencionei os Saraos celebrados em 1536 por occasião do casamento de D. Isabel de Bragança, filha de D. Jaime, com o Infante D. Duarte.
234 Jorge Ferreira de Vasconcellos, Memorial dos Cavalleiros da Tavola Redonda p. 350.
235 Caminha, Ed. Priebsch N.° 406 e 407; Cancioneiro Juromenha; Prosas Ineditas de Soropita.
236 Hist. Gen., Provas VI p. 64.
237 Juromenha I p. 30.
238 Conde de Villa Franca, Alliança Ingleza p. 276.
239 Panegyrico § 39 e 45.
240 Caminha, N.o 318; Hist. Gen., Provas VI 626. No anno 1578, Leonor da Costa era moça da camara da Rainha.
241 Ib. 376 e 377. Confiram os Epigrammas 220 e 221 da Ed. Acad.: Ouvindo cantar uma rara fermosura e N.° 222 e 223 Pretendendo ouvir cantar.
242 Vid. Priebsch p. 550 e Hist. Gen., Provas IV 401. Na Introducção de Joaquim de Vasconcellos ao Catalogo de Musica de D. João IV, ha uma Carta (IX) escrita por Manoel Corrêa del Campo, onde fallando das melhores vozes do tempo diz: «he oydo las mejores musicas que huvo en la Anunciada, Sta. Clara y Odivelas, conventos ilustres y reales de Lisboa, y otras excelentes vozes, particularmente en la corte del serenissimo duque de Bragança y en singular alli a Cosma Orfea, portento del arte, y a Maria de Parma, milagro de la naturaleza.»
243 Caminha N. 486, 488, 508, 509, 519.
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