Página:A infanta D. Maria de Portugal e suas damas.djvu/17

A INFANTA D. MARIA
 

 


NÃO se esqueceram, de certo, os que leem, dos epithetos pomposos em que o nome de D. Maria costuma andar envolvido. — Flor e honra das princesas; esplendor de pureza; primaz das mulheres portuguesas; flor intacta de virgindade; exemplo de castidade; Minerva do seu seculo; formosa Minerva; Pallas desarmada; rara ave ou phoeni pela sua prudencia e singular intendimento de todos os assumos; eruditissima; segunda Zenobia; inclyta Eudoxia; Placidia bella; Rainha Sabá; Artemisia, e Dido — eis alguns dos titulos que lhe foram applicados pelos biographos e pelos coevos quando lhe iam dedicando obras eruditas ou amenas. Passo os mais hyperbolicos, por andarem redigidos na lingua de Lacio. Não deixarei todavia de observar que humanistas da mais pura agua, como André de Rezende e Manoel da Costa não se pejaram de lhe tributar honras divinas. Algumas citações, dispersas por estas paginas, mostrá-lo-hão pouco a pouco.

Quasi sempre é a sabedoria e a castidade, que se põe em fóco. Menos vezes a sua formosura e gentileza.

O melhor que teriamos a fazer para avaliar os dotes physicos, seria considerarmos uma serie de effigies authenticas. Mas onde estão ellas?

Não padece duvida que a filha de D. Manoel foi retratada em diversas occasiões por pintores de renome, nacionaes e estrangeiros, dos mais celebres que trabalharam entre 1520 e 1580 na côrte portuguesa. Além do miniaturista Antonio de Hollanda e seu filho Fran-

7