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Augusto estremeceu, olhando-o com sobresalto.

O velho proseguiu:

— Tu vaes sair para te desenganares por teus proprios olhos, e se o que vires te não curar, se é sem remedio esse mal, ao menos sê generoso, e acode e salva, se fôr possivel, quem, perdendo-te, se perde tambem.

E após estas palavras vagas, cujo mais claro sentido Augusto tremeu de investigar, o velho mandou-o aos Cannaviaes, n’aquella mesma noite, recommendando-lhe que fôsse preparado para receber uma grande dor.

Augusto seguiu as indicações do herbanario, e foi.

Era d’elle o vulto que fizera estremecer Magdalena, quando na noite da piedosa devoção de Christina, a vimos chegar á janella dos Cannaviaes.

A morgadinha reconhecêra Augusto através das sombras nocturnas, e tivera um presentimento do que significava a presença d’elle n’aquelle logar e n’aquella occasião.

Por concentrada e discreta que fôsse a paixão de Augusto, não era um mysterio para Magdalena.

A extranhar alguem esta penetração de vista não será decerto nenhuma das minhas leitoras.

Magdalena adivinhára havia muito Augusto, e não lhe fôra difficil explicar até a instinctiva hostilidade com que elle sempre acolhêra Henrique.

Por isso, ao vêl-o alli, previu que pesava sôbre ella uma suspeita, que era victima de uma illusão, e que as apparencias a podiam condemnar.

De feito Augusto chegára tarde aos Cannaviaes, porque só tarde o herbanario vencêra a hesitação que experimentára ao dizer-lhe que fôsse. Por isso só pôde reconhecer a voz e a figura da morgadinha e de Henrique no curto dialogo, que entre os dois se trocára, quando vieram examinar á janella o estado da noite.

As palavras que escutou prestavam-se a ser interpretadas