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d’ella. Basta-me estar justificado para com a consciencia.

—­Não tem direito para o fazer. Uma alma, que é nobre, deve homenagem a si propria. Resignar-se á suspeita, é como um suicidio moral.

—­Justamente, minha senhora; e não concebe que haja casos em que o suicidio seja natural?

—­Meu Deus, Augusto—­exclamou Angelo—­como eu o estranho! o que o levou a esse desespero?

A morgadinha sorria, ao responder ao irmão:

—­É uma febre que passa, verás. Quer que lhe fale com franqueza, sr. Augusto? Tenho um secreto presentimento a dizer-me que, apesar d’essa descrença, apesar d’essa carta, e apesar de estar por minutos o momento da partida, não só não partirá, mas até ha de tomar parte na nossa primeira festa de familia, a do proximo casamento de Christina.

Estás ultimas palavras fizeram impressão em Augusto, que instinctivamente repetiu:

—­Do proximo casamento de Christina?!

—­Pois não sabia que Christina vae casar?-perguntou Magdalena com a maior naturalidade, mas fitando os olhos em Augusto.—­É verdade, o sr. Henrique de Souzellas teve pressa de legitimar o título de primos, com que arbitrariamente nos tratavamos.

Augusto olhou para Magdalena, com indefinivel expressão, dizendo:

—­Quê?... pois é com Christina... pois Henrique vae casar com...

Só depois de lhe romperem dos labios estás palavras, é que, reconhecendo a indiscreção da sua surpresa, accrescentou com mal simulada indifferença:

—­Ah! não sabia!

—­Devéras? Pois não tinha ouvido falar d’este casamento? Oh... querem vêr que suppunha tam-