Tudo se póde dizer em letra redonda. O caso é saber dizel-o.
O romance, quando digno d’esse nome, deve desenrolar defronte dos nossos olhos sublimes quadros e edificantes exemplos de moral e ridiculos da vida de todo o dia, da vida terra a terra, que nenhum interesse póde despertar em quem quer que seja, como tambem nenhum ensinamento póde trazer áquelles que lêm com o louvavel fim de se instruir, formando e desenvolvendo conjunctamente o seu caracter.
O romance deve, ao mesmo tempo que deleita o espirito, confortar o coração. Foi assim que o entenderam os bons mestres da primeira e melhor metade d’este seculo, e é assim que eu igualmente entendo.
Se os senhores naturalistas pensam de outro modo e pretendem impôr-nos descripções de cousas indecorosas e repugnantes, tanto peior para elles, porque a acção má fica com quem a commette e não com quem a recebe.
Querem que a vida seja um triste e pestilencial deserto, onde nem de leve esvoaçe a aza loira e casta da poesia?
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PREFACIO.
XVII