Não se pode queixar, meu amigo, creio que, depois que estamos juntos, ainda não deixei uma só vez transparecer má vontade em suportar a sua companhia . . .

— Suportar!. . . repetiu o pobre marques com um suspiro. Suportar!... eis um termo que, só por si, patenteia toda a indiferença que a senhora tem por minha pessoa. . .

— Suportá-lo é a minha obrigação, e faço por cumpri-la o melhor que me é possível. . . Repito que o marques não tem o direito de queixar-se...

— Ah! suspirou ele de novo. Não! não tenho! Sou tão infeliz que nem esse direito possuo. . . Juro-lhe, entretanto, que preferia menos zelo razão retorquiuno que fala, e um pouco mais de escrúpulo no que me diz às vezes. A franqueza, minha cara amiga, em certos casos e usada de certo modo, é ofensa. . . e a senhora, creio eu. . . não tem motivo algum para me ofender. . .

— Ah! que o senhor hoje está num dos seus maus dias! . . . respondeu ela, meneando a cabeça com impaciência.

E, notando que ele se afastava, acrescentou a meia voz, como se receasse detê-lo com as palavras:— Desculpe se o ofendi. . .

Mas o marques voltou, e ela então acudiu desabridamente: — Se a sua intenção é dizer-me qualquer cousa, ou exigir de mim seja o que for, fale