Alzira surgia da cova, lentamente. Vinha toda de branco, no seu longo roupão funerário, em que ele a vira estendida no seu leito de morta, quando, louco de amor, a estreitara nos braços. Tinha os cabelos soltos sobre as espáduas, os olhos repreensivos e tristes, a boca entreaberta por um sorriso amargo, mostrando a embaciada pérola dos dentes.

— Ah! gritou o pároco, fitando-a.

E um singular diálogo travou-se entre os dois:

— Para que vieste profanar esta sepultura?... perguntou o branco espectro de Alzira.

Ângelo respondeu, sempre de joelhos e sem despregar o solhos dela:

— Para me convencer de que não és mais do que vil despojo! Para me convencer de que és pó e lodo! . . .

— E que lucraste com isso?. . .

— A razão, porque tu me enlouqueces. . . Tu és a minha loucura, sedutor demônio!

— Loucura! E conheces, por acaso, alguma cousa no mundo que não seja delírio e loucura?. . . O que é a tua virtude senão loucura?... o que é a tua ciência?... o que é a tua religião?... Tudo isso é insânia!... Tudo isso é a febre dos doidos!... é o desvairar dos loucos!.. .

Ângelo arrastou-se para ela, exclamando suplicante:

— Então não me deixes viver outra vida senão