Logo que Ozéas deixara a sombria cela do convento de S. Francisco de Paulo e a porta se fechara sobre ele silenciosamente, Ângelo, em obediência às suas ordens, ajoelhara-se defronte do oratório e começara a rezar.
Na sua alma inocente não passava a idéia da responsabilidade que o esperava. Sem nunca ter saído à rua, sem conhecer Paris e os parisienses, não podia desconfiar sequer do que era nesse tempo um sermão pregado na capela real, defronte do rei e da corte.
Não sabia que nesse tempo, piedoso e devasso, fazia-se da religião um prazer requintado, e que o púlpito era, como o palco, ou como o livro, ou como o salão e o álbum, um meio de exibições de talento esquisito e complicações de arte. Não sabia, o pobre Ângelo, que o pregador do que menos precisava, nesse bom tempo do estilo equilibrado em cinco palitos, era de ser sincero e convicto, mas sim de ter originalidade na maneira, graça na exposição da frase, elegância