desabrocharam logo, produzindo uma intrincada floresta de filosofia teológica, que abismava aos próprios seus professores.
Aquela criança, diziam estes, estava destinada a fazer o verdadeiro renascimento da religião cristã.
E cresciam os desvelos em torno de Ângelo, orçando já pelo fanatismo. Não lhe permitiam olhar para o pátio do convento, onde havia uma criação de galinhas e coelhos. Receavam, e com razão, que o espetáculo dos instintos procriadores dos inocentes bichos despertasse no outro inocente idéias que a igreja reprovava. Escondiam-lhe o próprio sol em dias de grande calor, como se a exibição daquela vida que se derramava sobre a terra para fecundar com a luz germinadora e benéfica, fosse bastante para acordar na carne pálida do seminarista a revolucionária centelha do amor.
Entretanto, Ângelo bem pouco se impressionava com essas cousas, e tinha para todas essas lubrificações com que a natureza estimula a vida, um profundo olhar de indiferença, como se todo ele estivesse perenemente voltado para a fria religião ideal e azul, em que os anjos, únicos que a povoam e habitam, não têm idade nem sexo.
Não era uma criatura humana, não era um moço que ia entrar na adolescência; era a sombra