ainda Ângelo o assunto da palestra e o objeto de mil epigramas, sátiras e trocadilhos.
Mas onde incontestavelmente o assunto despertou maior escândalo, foi no salão da condessa Alzira, bela, cínica e espirituosa cortesã, célebre por ser nessa época a mulher mais insensível e mais fria de Paris. Juravam todos que a formosa condessa jamais sentira por ninguém a menor partícula de amor, e que o seu melhor momento de alegria era quando, por causa dela, algum dos seus inúmeros apaixonados caía morto em duelo ou metia uma bala nos miolos.
Começando pelo rei, que fora o seu primeiro amante, pertencera ela depois simultaneamente, ora mais ora menos tempo, a toda a gente da corte capaz de manter mulheres caras.
Tinha uma virtude: a ninguém enganava, porque, não só confessava francamente ao seu dono da ocasião toda a sua insensibilidade, fosse lá por quem fosse, como não repartia com um segundo aquilo que um primeiro houvesse arrematado já e pago à vista.
Esta sinceridade original em uma pessoa das suas condições, valeu-lhe a estima de alguns homens de espírito. De sorte que as quintas-feiras de Alzira eram freqüentadas por boa roda de rapazes, e a gente se não aborrecia entre as quatro paredes das suas riquíssimas salas.
Como fiéis, reuniam-se lá todas as semanas