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Ela continuava com a esperança de que o tal ataque das cincoenta onças não passasse duma “pulha” de Pedrinho para meter medo aos “mais velhos”.

Foram dormir. Cada qual sonhou pelo menos com uma onça. Emilia, porém, teve sonhos côr de rosa, a avaliar-se pelos sorrisos que animaram seu rostinho durante a noite inteira. E’ que estava sonhando com as suas famosas granadas de cera...

Pela madrugada alguem bateu na porta da rua — tóc, tóc, tóc... Pedrinho pulou da cama, assustado. “Seriam já as onças?” Os outros tambem ergueram-se, inclusive dona Benta e tia Nastacia. Reuniram-se todos na sala de jantar, á escuta.

Nova batida — tóc, tóc, tóc...

— Parece batida de nó de dedo, sussurou Narizinho. Onça não póde bater assim.

Pé ante pé, a menina aproximou-se da porta e espiou pelo buraco da fechadura. Não viu onça nenhuma. Em vez disso viu... outra menina!

— Uma menina! exclamou Narizinho batendo palmas. Assim do meu tamanho, lindinha! Quem sabe se não é Capinha Vermelha?... Abro ou não abro a porta, vóvó?

— Pois se é uma menina, abra. Veja primeiro se não vem algum lobo atrás dela.

Narizinho espiou de novo e não viu lobo nenhum. Em vista disso abriu. Uma menina muito desembaraçada, da mesma idade que ela, entrou.

— Bôa madrugada para vocês todos! Bôa madrugada, dona Benta! Bôa madrugada, tia Nastacia!

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