— Então, Pedro, que novas?...
— Primeiro molhai-me a goela, se quereis que fale, pois a trago esturricada.
— Tomai lá, rapaz, bebei, mas com tino, que não vos vire a bola.
— Não haja medo.
O rapaz esvaziou o canjirão, e chupando os beiços, debruçou ao balcão para falar ao ouvido do judengo.
— O navio é chegado desde tarde, disse ele. De primeiro ninguém o conheceu; vinha-se fazendo na volta de terra, mas logo entrou a noite. Então fez sinal... Sabeis?... As três panelinhas de fogo azul?...
— Sei, sei. Que mais?
— Então deixei lá os outros à espreita e vim dar-vos aviso.
— Bem, Pedro!... Tereis uma boa paga, eu vo-lo prometo. Tornai, que sobre madrugada serei convosco. Cuidado com a guarda-costa, que anda de pulga na orelha!
— Deixai-a comigo, que bem lhe conheço as traças. Agora a ceia enquanto descanso.
— Sim, rapaz! Apre, que nada vos esquece!
— Cuidais?...