MONTEIRO LOBATO
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já está salvo? e pondo o marquez em marcha tomou rumo do palacio.

O visconde seguiu atraz, com a baratinha na mão. "Será uma "Balabera" ou uma "Stylopyga"? Que pena estar tão longe aquelle livro de dona Benta..." ia pensando elle, de rugas na testa.

Chegados ao palacio encontraram as portas fechadas. Souberam pelo porteiro que o casamento já havia começado.

— Essa é boa! Será que terei de assistir ao casamento de Narizinho, aqui do sereno? Abra a porta! ordenou ao porteiro.

— Só com ordem do principe, respondeu este.

Pedrinho armou o bodoque; mas mudando de idéa disse a uma minhoca do mar que estava de prosa com o porteiro:

— Senhorita, faça-me o favor de passar pelo buraco da fechadura e ir dizer ao principe que mande abrir a porta incontinenti, senão já sabe...

Partiu a minhoca e Pedrinho, ansioso de saber o que se estava passando lá dentro, trepou a uma das janellas para espiar pelo vão.

E viu tudo. Narizinho estava deslumbrante no seu vestido côr do mar com todos os seus peixinhos. Na cabeça trazia um diadema feito das mais raras perolas dos sete mares e na mão tinha um sceptro de,nacar todo esculpido. Ao lado della caminhava o principe no seu maravilhoso manto de rei, feito das mais raras escamas. Atraz vinha a Emilia de vestido de cauda, de braço dado a um solemnissimo Bernardo Eremita. Este senhor trazia nas mãos uma salva de escama onde repousava a corôa com que o principe ia ser coroado.

Firmando a vista viu Pedrinho que a corôa era a tal rosquinha que a menina havia mandado de presente.

— Esta Narizinho é de muita sorte, murmurou comsigo. Apanhou um marido que alem de principe tem idéas muito felizes...

Chegados aos primeiros degraus do throno os reaes noi-