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O CASAMENTO DO NARIZINHO

vos principiaram a subir passo a passo, ao som das mais bellas musicas que se possam imaginar. Eram cantos de sereias vindas de todos os pontos do oceano.

Pedrinho, que jamais vira sereia, arregalou bem arregalado os olhos, pensando lá comsigo: "E a boba da vovó que não acredita em sereia ?"

Subito o principe parou, como se alguem estivesse a lhe mexer no pé. Olhou para baixo. Viu a minhoca com o recado. Entendeu muito bem o que ella disse e, voltando-se para Narizinho, explicou:

— E' Pedrinho, o visconde e o marquez que acabam de chegar.

— Que bom! exclamou a menina batendo palmas. Mas agora temos de recomeçar a festa desde o começo, senão Pedrinho fica damnado.

Quem mandava no reino já era Narizinho. Um desejo seu valia por ordem terminante, de modo que o principe fez parar a festa para recomeçar tudo de novo. Cada qual foi para o seu posto, todos muito compenetrados, á espera de que Pedrinho, o marquez e o visconde entrassem e tomassem os lugares que lhes estavam reservados.

As portas do palacio abriram-se afinal e os tres aventureiros surgiram. Emilia incontinenti notou qualquer coisa estranha na ponta da cauda do marquez.

— Que é que Rabicó tem na cauda? interrogou ella firmando a vista. Parece que o laço de fita virou siri... e correu para ver bem. Verificando que era siri mesme, desmaiou de vergonha — ah!...

Houve grande reboliço. Toda a côrte correu a amparal-a. Veio ás pressas o doutor Caramujo, que lhe tomou o pulso demoradamente.

— Não está morta, não! disse por fim. Apenas desacordada.

— E como ha de ser para acordal-a? perguntou Narizinho ansiosa. Não haverá ether por aqui?