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O IRMÃO DE PINOCCHIO

Começou a rodear o tronco e a examinal-o cuidadosamente. Deu logo com o ôco onde o visconde se escondera. Olhou e viu lá dentro uma coisa exquisita, com fórma de chapeu. Pescou-a para fóra, com um gancho de pau, e com grande assombro viu que era a cartolinha do visconde.

— Ué! exclamou franzindo a testa. A cartola do visconde por aqui! Eu bem estava vendo que havia marosca...

Examinou o chão, descobrindo novos signaes de que o visconde andara por lá.

— Não resta duvida! murmurou comsigo depois de reflectir uns momentos. O visconde esteve escondido neste ôco. Mas para que? Com que fim? Quando? Aqui ha marosca!... Vão vêr que foi elle quem gemeu e não o tronco. Eu bem achei a voz parecida com a do visconde. Mas porque havia de fazer isso? Que interesse tinha em me enganar? Hum, já sei! Elle fez isso por instigação da Emilia. A diaba estava com medo que eu lhe tomasse o cavallinho e me armou esta peça de combinação com o tal sabio de uma figa. E' isso mesmo! Elles desta vez me bobearam. Cahi como um patinho...

Pedrinho ficou mais desapontado do que damnado. Era o cumulo dos cumulos, aquillo! Ser bobeado por uma boneca de panno e um visconde de sabugo, elle, o menino mais esperto e sabido daquellas redondezas...

— Mas não fica assim! exclamou em voz alta. Qualquer dia tiro a fórra e só quero vêr a cara dos dois piratas!...


VI — MIRAGENS


Emquanto lá na floresta Pedrinho pensava no melhor meio de se vingar da malandragem que lhe fizeram, Narizinho resolvia dar um passeio ao pomar. Costumava fazer isto nas tardes agradaveis, sempre em companhia da boneca. Naquelle dia, porem, Emilia fez luxo.

— Não posso hoje, disse mostrando o cavallinho. Es-