236
O CIRCO DE ESCAVALLINHO

A alegria do menino foi immensa. Botou as mãos no bolso e extasiou-se deante de sua obra, cheio de orgulho. Depois gritou:

— Gentarada, venha vêr!

Todos se reuniram no terreiro e admiraram a obra e bateram palmas.

— E' extraordinario! disse dona Benta á preta. Este meu neto quando crescer vae ser um grande homem, não resta duvida.

— E' o que eu sempre digo, sinhá, confirmou tia Nastacia. Sêo Pedrinho é menino que promette. Na minha opinião ainda acaba sendo delegado de policia!...

Ser delegado de policia era para tia Nastacia a coisa mais importante que um homem podia ser — "porque prende gente", explicava ella.

Depois de construido o circo, começaram os ensaios. Pedrinho e a menina lá se trancavam com os artistas, não consentindo que ninguem os fosse espiar. Maroto havia chegado e já estava no serviço de montar guarda á porta, para que nem dona Benta ou a preta pudessem se approximar. Maroto tinha ordem de latir, de morder não.

Terminados os ensaios da primeira parte, Pedrinho cuidou da pantomima. Foi um custo! Essa pantomima tinha sido imaginada por Pedrinho de um certo geito, mas como todos metteram o bedelho, sahiu uma mexida damnada. Emilia fez questão de dar o titulo — e deu um titulo muito sem pé nem cabeça: O PANTASMA DA OPERA.

— Phantasma, Emilia, corrigiu Narizinho. PH é igual a F, como você pode vêr nesta caixa de phosphoros. Ninguem lê POSPORO.

— Sei disso muito bem, replicou a boneca. Mas quero que seja Pantasma, senão saio da companhia e não empresto nem o meu cavallinho, nem o meu carro, nem o meu tostão novo.

— Como é birrenta! A gente quando quer uma coisa