rieza impessoal dos relacionamentos em meio digital.

A comunidade virtual, na sociedade da cibercultura, deve fornecer a segurança proporcionada pela organização coletiva, conjugada com a cooperação e a igualdade existentes num ambiente distante do estado de natureza e, por fim, renovar os modelos para a liberdade dos indivíduos, englobando: liberdade para a participação política individual e coletiva, liberdade para a formação de esferas públicas autônomas e ressonantes e liberdade para o uso do conhecimento gerado pelo coletivo.

Ainda sob a ótica da comunidade e suas facetas adquiridas em ambientes digitais, o professor Yoschai Benkler (2002) observa o surgimento de um novo modelo econômico de produção baseado nas organizações colaborativas. Em suma, são organizações descentralizadas com relações fundamentadas no ciberespaço e que produzem bens não-rivais através do esforço coletivo e voluntário de seus membros. Alguns modelos de trabalhos realizados por comunidades cooperativas são verdadeiras "obras-prima" do esforço coletivo. A enciclopédia livre, Wikipédia, o sistema operacional Linux e os outros softwares livres são exemplos desse fenômeno. Porém, é preciso destacar que todos esses projetos primam pela liberdade do conhecimento, ou seja, não há restrições para execução, cópia, difusão, modificação e/ou aperfeiçoamento das "idéias" que os compõem, em outras palavras é possível dizer que não há um proprietário no produto e, por se tratar de um bem não-rival, não se esgota. Este formato organizacional rompe com o paradigma existente entre firma e merdado que fora proposto por Ronald Coase pois, de acordo com Lemos (2005),

"Segundo Coase, por causa dos custos de transação, há duas formas básicas de organização das forças de produção: por meio do mercado e por meio da empresa (firma). Grosso modo, a firma surge para racionalizar custos de transação: determinados recursos são mais baratos para serem obtidos dentro da firma do que no mercado. Quanto a outros recursos, é mais barato obtê-los diretamente no mercado, de modo descentralizado. Nestes casos não faz sentido a firma incorporá-los internamente. Assim, firmas racionais crescem na medida em que continuam racionalizando custos de transação. Quando não podem mais racionalizá-los, é melhor obter novos recursos no mercado." (LEMOS, 2005, p.81)