Athena

A NOITE DOS TEMPOS

Viver na Historia é simples irrisão ; tambem ella ha de um dia terminar quando a Terra, sem vida na amplidão, s6 der 4 lua morta outro luar.

E, quando o astro-cadaver gravitar

sem o Sol o aquecer, ode estarão

as paginas da Historia secular,

que o Homem escreveu por sua mão?..

Emquanto a Vida é luz que morre e canga, so o Tempo progride e não descançaa de prolongar a noite das Edades ;

e, como simples rastro de seus passos, condemna cada astro nos espacos & pena capital das unidades.

A REVOLTA DO «SER»

O mais feliz dos homens é aquelle que ainda

não nasceu. PROVERBIO GREGO,

Claridades do dia ha muito que as não vejo;

a noite, dentro em mim, esmaga-me vencido ;

e, tendo horror 4 Vida, a Morte nao desejo, porque o Bem so consiste em nunca haver nascido.

Diz-se que a Vida é fructo opimo de um s6 beijo e a Morte a redempção de quem tiver soffrido ; mas a Vida, afinal, é a charneca, o brejo,

onde a Morte recolhe um fructo apodrecido.

Vida e Morte — por fim — séo dois eguaes cutellos nas maéos do mesmo algoz— a injusta Natureza — que tira do Nao-Ser os réos pelos cabellos.

E somos nos os réos, que, na nossa Consciencia, vêmos imaginaria a Idéa de Belleza, irrealidade ya da ephemera Existencia.