índios aldeados e ainda dos selvagens, como a consideração e estima dos presidentes e principais pessoas da província.6 Era uma mulher bela entre as mulheres da sua raça; mostrava-se polida, tinha um gesto alegre, amável e franco, e muita penetração de espírito, e falava com muita clareza a nossa língua.7
Os caiapós, porém, altivos de sua liberdade selvagem e de seu nome,8 avezados à vida nômade, zombavam dos esforços empregados pelo governo da província; sujeitando-se momentaneamente à civilização, aprendiam o manejo das armas de fogo e depois abandonavam o lar doméstico, corriam de novo a entranhar-se nas florestas e vinham unidos aos seus bater-se denodadamente com as bandeiras que os sitiavam por água e por terra, sem temor dos homens que outrora tinham por deuses, e manejando tão bem como eles os terríveis trovões.9 Assim continuavam a ser o terror dos habitantes pacíficos, que surpreendidos por suas correrias, viam roubadas e incendiadas as suas casas e pagavam com a vida a defesa de seus haveres.
Damiana da Cunha, dotada de inteligência menos vulgar e de um coração generoso e altivo, contemplava com dor os sofrimentos dos habitantes de Goiás e a perseguição de que se tornavam dignos os seus irmãos primitivos; empreendeu pois reduzi-los à fé e chamá-los ao grêmio da sociedade, ao seio do cristianismo, para que fruíssem os gozos do trabalho. A neta do cacique, como a chamavam,