levou a aparecer um estudo completo àcérca da autenticidade das Cartas de Sóror Mariana é um exemplo característico da nossa vélha incúria.
Em 1669 apareciam pala primeira vez impressas, traduzidas em francês, sem nome do tradutor nem da pessoa a quem eram dirigidas, as cinco Cartas admiráveis. [1]
«Nos primeiros dias de janeiro daquele ano, Cláudio Barbin, o célebre livreiro parisiense — au Palais, sur le second perron de la Sainte Chapelle, — lançava nos salões e alcovas que continuavam a câmara azul da senhora de Rambouillet, um pequenino livro anónimo, que naquele meio galante, artificioso e frívolo, era, certo, como a mancha rude e sombria dum monge de Zurbaran, caindo inopinadamente numa pastoral mimosa de Watteau ou Boucher».
O éxito é prodigioso. Tôdas as almas apaixonadas ou delicadas querem crestar-se na labareda fulgurante daquelas cinco Cartas. Ás edições sucedem-se. Logo aparecem outras Cartas, desta vez dum mundanismo enternecido — «Lettres de la Dame portugaise», — e editam-se Respostas e Novas respostas, tudo evidentemente apócrifo, para atiçar o fogo, aproveitando o entusiasmo e a comoção nascida com a leitura das Cartas auténticas da Freira — e as Respostas talvez para atenuarem o egoismo e a atitude antipática de Chamilly…
A voga aumenta estupendamente. Essas cinco mararárias correm mundo, e constituem um monumento litevilho e passional verdadeiramente incomparável.
O nome do destinatário das Cartas e o do tradutor só
- ↑ Lettres portugaises, traduiles en françois.