— Queres saber de uma coisa? disse, tomando a mulher de parte. — Vai tu e mais Amelinha arranjar o gabinete, que eu escrevo uma carta ao nosso homem; pode ser que amanhã mesmo o tenhamos por cá. Anda, vai! O segredo das grandes coisas está às vezes nestas pequenas deliberações!

E enquanto Mme. Brizard aprontava com Amélia o gabinete, escreveu ele a carta que Amâncio encontrou sobre a cômoda.

Não descansaram mais um instante. Desde pela manhã do dia seguinte andava a casa em grande alvoroço. Foi preciso varrer, escovar, remover do gabinete os móveis que o atravancavam. Preparou-se uma bela caminha, coberta de lençóis claros e cheirosos; estendeu-se um tapete no chão; colocou-se a um canto o lavatório, encheu-se o jarro que ficou dentro da bacia, ao lado da toalha. E feito isto, puseram-se todos à espera de Amâncio.

Ele, até aquelas horas, não havia declarado por escrito se iria ou não, logo — era provável que fosse.

E com efeito, pela volta do meio-dia, um tílburi parou à porta, e Amâncio, muito intrigado com a numeração das casas, entrou no corredor, a olhar para todos os lados.

Um moleque, que ficara de alcatéia à espera dele correu logo ao primeiro andar, gritando que "o moço já estava aí".

— Cala a boca, diabo! respondeu Mme. Brizard em voz abafada e discreta.

Coqueiro ergueu-se prontamente do lugar onde se achava e atirou-se com espalhafato para o corredor, alegre e expansivo, como se recebera, depois de longa ausência, um velho amigo da infância.

— Bravo! exclamava, sacudindo os braços e correndo